Rajendra Pachauri apoia a campanha Segunda sem Carne

Rajendra Pachauri apoia a campanha Segunda sem Carne
Rajendra Pachauri é presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU desde 2002 e dirige o Instituto de Recursos Naturais e Energia - TERI - da Índia, em cujo escritório, abarrotado de prêmios e medalhas acumulados em sua longa carreira na defesa do planeta e dos mais pobres da Terra, recebeu a presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira, Marly Winckler, no dia 26 de outubro de 2010.

Rajendra Pachauri se destaca como um dos mais importantes pensadores acerca dos desafios e das soluções de adaptação às alterações do clima. Foi vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2007.

Rajendra Kumar Pachauri nasceu em 20 de agosto de 1940 em Nainital, Índia. Economista e cientista ambiental de grande reputação, o Dr. Pachauri preside o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). É também diretor-Geral do TERI (Tata Energy Research Institute) - um instituto dedicado ao desenvolvimento sustentável. R.K. Pachauri foi agraciado, juntamente com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, com o Prêmio Nobel da Paz de 2007 tendo o Dr. Pachauri recebido o prêmio pelo IPCC.

O Dr. Rajendra Pachauri faz campanha em âmbito internacional para que se coma menos carne, em virtude de o consumo de carne ser um dos principais fatores do aquecimento global. Segundo o Dr. Pachauri "Há uma grande emissão de gases do efeito estufa no processo para se comer um bife, que começa com o alto consumo de pasto – o que exige desmatamento – e da água que se requer para se criar uma vaca e continua até o matadouro, para guardar sua carne em câmaras frigoríficas, transportá-la e cozinhá-la".

Na semana que antecedeu o COP15 em uma audiência no Parlamento Europeu Paul McCartney e Rajendra Pachauri falaram sobre MENOS CARNE = MENOS CALOR, numa tentativa de sensibilizar os líderes mundiais para a contundente relação entre consumo de carne e aquecimento global. Também foi lançada nessa ocasião, uma carta aos prefeitos e dirigentes do mundo, pedindo para apoiarem campanhas como a Segunda sem Carne, no Brasil.

80% da derrubada da floresta amazônica se devem à criação de bovinos e soja para ração animal. ¾ das emissões brasileiras de CO2 vêm da pecuária. O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo e é o maior exportador mundial de carne. Com a China, divide a posição de maior exportador de couro curtido. Apesar dos graves problemas ambientais e outros gerados por esse modelo de produção, o governo brasileiro planeja dobrar a participação brasileira no comércio global de carne até 2018. e quer também, como declarou em Copenhague, triplicar a produção de soja.

No mundo todo, a produção de carne é responsável por não menos que 18% do total de emissão de gases de efeito estufa. As emissões da produção de carne e uso associado da terra estão entre as causas mais importantes das mudanças climáticas. Estas emissões são mais elevadas do que todo o setor de transporte, que responde por 13% das emissões.

A produção de gado é o fator primário que contribui para o desflorestamento e a desertificação.

O elevado consumo de carne não apenas tem efeitos negativos sobre o clima e a biodiversidade, também é nocivo para nossa saúde porque aumenta o risco de doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes e outras doenças da afluência. Daí ser muito importante limitar o consumo de carne.

A floresta amazônica detém a maior diversidade do Planeta: mais de ¼ de todas as espécies vivas animais e vegetais estão em apenas 5% da superfície da Terra. “Se alguém caminhar do Alasca ao Canadá por 5000 km encontrará o mesmo tipo de floresta e um número reduzido de espécies; na Amazônia basta caminhar alguns quilômetros para tudo mudar”.

A população da Amazônia é de 21 milhões de habitantes. Lá vivem 150 nações indígenas (das 180 existentes no Brasil hoje). 50 grupos ainda vivem isolados. Todos os tipos de relacionamento acontecem quando ocorre contato, mas na maior parte das vezes significa para os índios fome, miséria, doenças, violência, perda da identidade cultural, migração forçada etc.

A Amazônia Continental compreende 50% da América do Sul e 9 países: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname, Venezuela e Brasil. A Amazônia biológica abarca 49% do território brasileiro. A Amazônia legal corresponde a 60% do território brasileiro.

Principais ameaças

- Pecuária e monocultura de soja
- Exploração predatória de madeira
- Políticas públicas e governamentais

A última grande área natural do planeta está sendo comida, numa combinação de carne e soja

- 12% foram devastados nos últimos 50 anos (cerca de 800km2 – correspondendo a toda a região Sul e Estado de São Paulo).
- Até 1970 menos de 2% havia sido desmatado.
- 30 anos mais tarde 20% (cerca de 750.000 km2 / 100 milhões de hectares) está desmatado e a população triplicou.
- Há 75 milhões de cabeças de gado na Amazônia (no Brasil são 200-210 milhões)

Principais implicações

- Queimadas (as melhores madeiras são retiradas e o resto é queimado)
- Conflitos por território (índios e povos tradicionais)
- Perda de biodiversidade
- Mudanças climáticas

A criação de gado é o uso dominante nas áreas devastadas, representando 77% da área convertida em uso econômico.

Emissões no Brasil

O governo federal tem um inventário produzido em 1994 de acordo com os padrões da ONU (não foi atualizado). São Paulo tem um diagnóstico recente, de 2005. São Paulo produz 14 mil toneladas de lixo por dia. São 15 milhões de toneladas de CO2.

São Paulo e Rio emitem relativamente poucos gases de efeito estufa.

– São Paulo: 1,47 per capita em toneladas de CO2 por ano
– Rio: 2,02 per capita
– Londres, Nova York, Tóquio, Copenhague etc. emitem 4, 5, 6 vezes mais

O total de emissões no Brasil é de 8,2% per capita. As emissões de países mais urbanizados estão concentradas em centros urbanos – não é o caso do Brasil.

Por quê?

Devido às emissões da Amazônia. A queimada da floresta amazônica tornou o Brasil um dos 10 maiores poluidores. A grande maioria dos gases de efeito estufa do Brasil, que contribuem para o aquecimento global, vêm da fumaça do desflorestamento da Amazônia, para ceder espaço para a pecuária e a monocultura de soja para alimentar porcos, frangos no Brasil, Europa e USA, não de combustíveis fósseis que são os principais culpados na maioria dos países.

- 1/3 das emissões no Brasil vêm da criação de gado e 1/3 do desflorestamento.
- 4/5 das emissões da agricultura vêm da pecuária (Lancet)
- De acordo com a FAO a produção mundial de carne está projetada para dobrar de 229 milhões de toneladas em 1999/2001 para 465 milhões de toneladas em 2050, e a produção de leite está calculada para aumentar de 580 para 1043 milhões de toneladas.
- O rebanho bovino brasileiro é hoje de 210 milhões de cabeças – mais do que sua população (193 milhões).
- As exportações brasileiras de carne bovina cresceram 413,6% entre 1999 e 2007, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC).

O Brasil reflete a situação mundial: o gado usa 40% das terras aráveis do mundo. No Brasil o gado usa 200 milhões de hectares e a agricultura 80 milhões. O gado crescerá para 300 milhões de hectares e 400 milhões de cabeças em 25/30 anos se nada for feito – e isto será o fim da Amazônia e do Cerrado.

De acordo com a FAO, a pecuária está entre as três principais causas de qualquer problema ambiental significativo, incluindo a degradação da terra, mudanças climáticas e poluição do ar, escassez e contaminação de água e perda de biodiversidade. Comer menos carne (e outros produtos de origem animal) não apenas é saudável para nosso planeta, também é para a nossa saúde. Um estudo da OMS mostrou que um decréscimo em gordura saturada de apenas um por cento resultaria em cerca de 13.000 óbitos a menos por doenças cardiovasculares na Europa por ano. Um novo estudo da Lancet indica que uma redução na produção pecuária de 30% pode diminuir o número de mortes prematuras por doenças cardíacas em 17%.

Fonte - Publicado em 11.11.2010

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