Grant Morrison

Escritor de histórias em quadrinhos

Nascido em 31 de janeiro de 1960
Local: Glasgow, Escócia

Site: www.grantmorrison.com

Grant Morrison é um escritor de histórias em quadrinhos. Ele é conhecido por seu experimentalismo e pela utilização das mais diversas referências culturais e contra-culturais em suas criações.

Até os anos 80

Grant começou a publicar em 1977, aos 17 anos, realizando vários trabalhos independentes (incluindo na área da música) e alguns pela Marvel britânica, em 1985. Em 87, com as ilustrações de Steve Yeowell, lança o conceito e o herói Zenith na revista inglesa 2000 AD, desconstruindo desde já o gênero dos super heróis. Seu trabalho na revista chama a atenção da DC Comics, editora para a qual ele já vinha enviando algumas propostas que foram ignoradas, e é com a de Homem-Animal ele é finalmente aceito.

O Homem-Animal tem grande importância em sua carreira, pois foi seu passaporte para o sucesso nos Estados Unidos, justamente durante a época da Invasão Britânica de escritores como Neil Gaiman (com Sandman) e Alan Moore (que inaugurou a dita Invasão com seu trabalho em Monstro do Pântano). É um trabalho diferenciado por ser protagonizado por um personagem que até então era ignorado pela editora, transformando-o em grande sucesso e lidando com temas como vegetarianismo, ecologia, drogas e outros assuntos, tudo isso utilizando-se da metalinguagem. O Evangelho do Coiote, história publicada no número 5 do título da revista, marcou uma geração de leitores por sua criatividade e complexidade.

Em 1989 consolida sua fama com diversas publicações pela DC, com destaque para um conto chamado Asilo Arkham, que conta com Batman e o Coringa como personagens principais. Tendo o auxílio de Dave McKean (o ilustre capista de Sandman) nos desenhos, Asilo Arkham fez muito sucesso e tornou-se uma história clássica de Batman, com abordagens sombrias dos personagens (há quem diga que uma das idéias originais de Morrison era que o Coringa aparecesse travestido de mulher durante a história, o que não teria sido feito por preferência da editora). Nesse ano também começa a escrever o periódico da Patrulha do Destino e algumas histórias para a 2000 AD, incluindo a polêmica As Novas Aventuras de Hitler.

A década de 90

A primeira metade da década de 90 marca realizações como Kid Eternidade, Dan Dare, Flex Mentallo e Bible-John, confirmando as qualidades de Grant como escritor consistente e inovador. O selo Vertigo é inaugurado em 1993, voltado para publicações mais adultas, e é por ele que em 1995 é feito o especial Como Matar Seu Namorado, uma sátira da juventude britânica, que tem repercussões estrondosas, sendo reconhecido como um de seus melhores trabalhos. É nesta parte da década também, que com o especial Sebastian O conhece Frank Quitely, desenhista com quem mais tarde se vincularia fortemente. Além disso, segue até 93 com o periódico da Patrulha do Destino, abusando do experimentalismo (ele próprio teria admitido, anos mais tarde, que para escrever a série se utilizava de ácidos).

Em 1996 um título do mainstream cai em suas mãos quando a DC Comics o resigna para escrever o mensal da Liga da Justiça. Em sua colaboração (do número 1 ao 41), reinventou a equipe com êxito, fazendo com que o título voltasse a ser um dos carros-chefes da editora. O especial DC Um Milhão, que envolvia diversos títulos e personagens, foi outro de seus feitos, em 1998. Da mesma época também consta Aztek - O Homem Definitivo, criação sua vista como a versão masculina (e latina) da Mulher-Maravilha.

Da década de 90, porém, destaca-se uma de suas publicações pela Vertigo: Os invisíveis. É sua maior e mais importante obra, tendo durado de 1994 a 2000, com 59 números no total (25 para o primeiro volume, 22 para o segundo e 12 para o terceiro). Teoria da conspiração, magia, viagens no tempo, meditação e violência pesada são alguns dos assuntos constantes da história, que tem por protagonistas uma equipe que conta com, entre outros integrantes, uma ex-integrante da polícia de Nova Iorque e um travesti brasileiro. O experimentalismo em Os Invisíveis é regra, e a complexidade da trama era tanta que as vendas da série nos primeiros 10 números foram baixíssimas, situação surpreendentemente contornada por Morrison que ao final de uma das edições da revista publicou um símbolo com um texto abaixo, dizendo para que todos os fãs dele e da série se masturbassem num determinado dia e horário olhando para o símbolo, feito que magicamente melhoraria as vendas. Curiosamente, elas aumentaram de fato e a série não foi cancelada. Entre outras declarações relativas a Os Invisíveis, o autor disse numa conferência em 1999 que tudo o que estava escrito na série lhe tinha sido dito por alienígenas que o teriam abduzido em Kathmandu e pedido que espalhasse tais informações ao mundo através dos quadrinhos. Polêmicas à parte, o mérito da série reside na utilização das mais diversas referências, trabalhando com Beatles, Marquês de Sade, a família real da Inglaterra, psicodelia, a Revolução Francesa, telecinesia, vudu, mitologia asteca e diversos outros elementos culturais, todos interagindo de maneira natural. Em 1999, os últimos 12 números de Os Invisíveis foram publicados em contagem regressiva do 12 ao 1, para marcar a chegada do ano 2000.

Década de 00

Grant Morrison adentra o novo século como um consagrado escritor de quadrinhos. A década de 2000, porém, marca a realização de trabalhos ainda mais consistentes e maduros e a parceria com Frank Quitely. O primeiro trabalho, já com Quitely, é LJA: Terra 2, no qual a Liga da Justiça vai para uma terra paralela em que encontra uma Liga com os valores e ideais exatamente opostos ao seus, num planeta em que o egoísmo e a maldade sempre prevalecem.

A Marvel contrata-o para a revitalização do famoso grupo X-Men no ano de 2001 e ele já chega ao título fazendo mudanças, alterando o nome da revista de X-Men para New X-Men (Novos X-Men, em português). Em sua contribuição, Morrison alterou drasticamente a situação dos personagens: os que não matou, alterou bastante. Suas mudanças, porém, não eram contraditórias às premissas originais dos personagens, e é aí que reside a genialidade de sua participação (apesar de essa colocação ser motivo para sérias e longas discussões entre fãs e leitores). Seria injusto, porém, dizer que a ousadia é o grande destaque da fase Morrison dos X-Men. Trata-se de uma história bem construída e amarrada, explorando diferentes aspectos da atmosfera dos mutantes - além de ter sido em grande parte desenhada por Frank Quitely, cujo traço entra em harmonia com os roteiros. Quando saiu do título, a editora Marvel anulou suas mudanças, fazendo com que os personagens e as situações voltassem a ser as mesmas de antes. Sob os roteiros de Joss Whedon, a revista Astonishing X-Men então foi lançada, dando uma sutil e paralela continuidade aos feitos de Grant: vale dizer que hoje em dia Astonishing é vista como o melhor título da equipe.

Em 2002 sai The Filth, pela Vertigo, em 13 partes. Seu nome – Os Imundos se traduzido para o português - faz jus ao conteúdo dos quadrinhos: a mesma temática de teoria da conspiração de Os Invisíveis (inclusive o próprio Morrison teria dito que as séries se relacionam muito), porém não num submundo de magia, e sim de sexo, manipulação e tecnologia. Em 2004, já tendo encerrado sua ampla fase na Marvel (seu New X-Men foi do número 114 ao 156), voltou a produzir para a DC Comics, com foco na Vertigo. Alguns especiais curtos como Seaguy, Vimanarama e o premiado We3 são lançados, servindo não como marcos de carreira, mas como continuidade aos experimentalismos de Morrison, sempre tentando abordar novos universos e temas.

Sete Soldados da Vitória, que inaugura o conceito de Megassérie nos quadrinhos, foi lançado em 2005 pela DC Comics. São sete histórias de diferentes protagonistas que se paralelizam das maneiras mais inesperadas e podem ser lidos de diversas ordens, convergindo para um final em comum. Ao todo são 30 revistas, todas escritas por Morrison com extremo zelo e sem contradições internas. Sete Soldados da Vitória é uma obra tão densa de simbologias que existem fóruns na internet apenas para discussões a seu respeito, em busca de uma leitura mais rica e entendida das metáforas utilizadas pelo autor. Não obstante, é mais uma demonstração da paixão de Morrison por procurar personagens do limbo da editora e revigorar com fidelidade à sua essência, chamando a atenção do público para eles (dessa vez, entre outros estavam Klarion, o Guardião de Manhattan e Frankenstein).

Dando continuidade à boa safra, chega às bancas em novembro de 2005 o primeiro número daquela que seria considerada a melhor obra de Grant Morrison e a história definitiva do personagem mais famoso das histórias em quadrinhos: All Star Superman. A linha All Star, comprometida não com questões de cronologia mas sim com a retratação atemporal de personagens clássicos, mostrou-se uma excelente oportunidade ao escritor de fazer suas alterações radicais ao universo de um personagem sem um editor para lhe impedir. Fãs de Superman, de Morrison e de quadrinhos em geral aprovam o trabalho do autor com um Superman humano e consciente de suas (i)limitações. Conceitos ligados a terras paralelas, cientistas malucos e psicodelia são utilizados aqui, rendendo à história a vitória de duas categorias do prêmio Eisner. Um Frank Quitely em ótima forma ilustra a série, que tem 12 partes.

Em 2006 o visado site Comic Book Resources realizou uma pesquisa entre leitores e constatou que Morrison era o 2o escritor de quadrinhos mais popular de todos os tempos, perdendo para Alan Moore e deixando Neil Gaiman em 3o, surpreendentemente. Mesmo assim, de maneira estranha, a popularidade do escocês parece ser mais comum entre leitores de quadrinhos, enquanto os autores de Watchmen e Sandman têm o reconhecimento e admiração de pessoas que nem mesmo tem o costume de ler hqs.

A partir de 2006 passou a se envolver com o mainstream da DC Comics, começando com a produção da maxissérie 52, junto a Geoff Johns, Greg Rucka e Mark Waid. A ousada atitude da DC Comics de lançar um título semanal que duraria um ano foi bem sucedida e aclamada pela crítica especializada. 52 tem muito a ver com Morrison, pois além de ser inovadora só lida com personagens de segundo e terceiro escalão da editora, tais como Adam Strange, Renée Montoya e o próprio Homem-Animal (que após sua participação voltara ao limbo). No mesmo ano, o título Batman é posto na sua mão, estando agora o mais vendável personagem da DC à deriva das decisões do mais polêmico autor, contando na cronologia oficial. Seus feitos não foram menos arriscados do que os da época dos X-Men: para começar, trouxe à tona um filho de Bruce Wayne que havia sido eliminado da cronologia. Mais tarde ressuscitou um grande vilão do universo de Batman e sua última contribuição tem nada mais nada menos do que o título "Batman: R.I.P." (em português, Batman: Descanse em Paz).

Em maio de 2008 começou a ser lançada a Crise Final, continuação para duas das séries mais importantes da DC Comics em termos de concepção de cronologia: Crise Nas Infinitas Terras (1985) e Crise Infinita (2005). A Crise Final, totalmente concebida e escrita por Grant Morrison, dialoga não só com as idéias de Marv Wolfman e Geoff Johns, mas principalmente com a obra de Jack Kirby, importantíssimo autor dos quadrinhos que muito o influenciou. A promessa de Dan DiDio, editor da DC, é que depois dessa Crise o universo de personagens sob sua tutela jamais será o mesmo. É mais do que comum que os editores digam isso para seus especiais venderem mais, mas de um trabalho regido por Morrison nunca se duvida.

As últimas declarações de Grant Morrison em relação ao que fará futuramente revelam um autor que, mesmo aplicando suas habituais inovações às revistas que está escrevendo, quer voltar a produzir sem um compromisso maior (com o editor, com a cronologia e até com prazos, talvez?). Ele disse que quer "voltar a ser ele mesmo", e promete para 2009 uma continuação para Seaguy, uma história baseada no Mahabharata e uma mini chamada Me and Atomika Bomb.

Fonte: Wikipédia


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